terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sarney tenta não falar de crise, mas Suplicy lembra denúncias

Brasília - A tentativa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de colocar o Senado em um clima mais ameno acabou não surtindo efeito na tarde de hoje (24). Depois de ter visto, na semana passada, o Conselho de Ética do Senado arquivar as denúncias que pesavam contra ele, com ajuda de senadores do PT, Sarney tentou discursar somente sobre o centenário da morte de Euclides da Cunha, comemorado no último dia 15.

No entanto, ao final do discurso que durou mais de meia hora, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou a pedir esclarecimentos sobre as denúncias de quebra de decoro que provocaram as representações contra o presidente do Senado.

“A situação não está bem resolvida. O arquivamento das representações não resolveu suficientemente os problemas do Senado", disse Suplicy. O petista ainda criticou o presidente Sarney dizendo que a entrevista concedida por ele à Globo News não cumpriu a função de "reconhecer os próprios erros".

“Quando Vossa Excelência observou que não cometeu qualquer falta, que não sente culpa de coisa alguma, ora presidente Sarney. Há ocasiões que, se erros cometemos, é importante reconhecermos", disse.

"Se Vossa Excelência não se deu conta que alguns procedimentos não foram adequados, seria importante ouvir seus companheiros no Senado sobre algumas coisas que muitos de nós não consideramos o mais adequado e gostaríamos de transmitir isso a Vossa Excelência. O reconhecimento dos próprios erros também é importante", disse Suplicy.

Sarney reagiu irritado dizendo que Suplicy não o tratou com educação ao questioná-lo em plenário, quando discursava sobre o escritor. Para Sarney, Suplicy agiu por "paixão política".
"Vossa Excelência coloca neste gesto um gesto que não é de Vossa Excelência. A não ser que tenha sido tomado por paixão política para que tenha desrespeitado as regras da educação e convivência parlamentar. Eu coloquei todas as acusações feitas à minha presidência do Senado.

Se Vossa Excelência tiver alguma a apontar, coloque se é da minha primeira presidência, da segunda. Se naquela época não protestou, qual tomamos nos últimos cinco meses se não corrigir o Senado? Mas não quero arranhar a memória de Euclides da Cunha", afirmou.

A reação de Sarney deu início a uma troca de farpas entre os dois senadores. "As pessoas desejam um esclarecimento mais cabal que as dúvidas sobre os conteúdos das representações sejam dirimidas. Eu ouvi discursos de Vossa Excelência, fiquei com muitas dúvidas, gostaria de vê-las esclarecidas", retrucou o petista.

Desde que o Conselho de Ética decidiu arquivar 11 processos contra Sarney, é a primeira vez que ele discursou no plenário do Senado. Além de Sarney e Suplicy, mais quatro senadores estavam em plenário no momento do debate: Mão Santa (PMDB-PI), Mozarildo Cavancalti (PTB-RR), Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e Roberto Cavalcanti (PRB-PB). ','').replace('','') -->

Luciana Lima -Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo

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