segunda-feira, 2 de junho de 2008

Programa café com o Presidente 02-06

Presidente Lula vai defender, na reunião da FAO, a retirada dos subsídios dos países mais ricos
Apresentador: Olá, você em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e começa agora o programa de rádio do presidente Lula, Café com o Presidente. Presidente, nós estamos aqui nos estúdios da EBC no Brasil e o senhor em Roma, na Itália. Como vai? Tudo bem?

Presidente: Tudo bem, Luciano.

Apresentador: Presidente, o senhor vai participar da Conferência de Alto Nível sobre a Segurança Alimentar Mundial, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - a FAO; e deve fazer um discurso durante o evento. Qual será o teor do discurso, presidente?

Presidente: Luciano, é importante lembrar que, em 2003, nós lançamos no Brasil o Programa Fome Zero. É importante lembrar que já naquele momento nós discutíamos com outros dirigentes importantes, como o governo espanhol, o governo francês, o governo chileno, a necessidade de fazermos um movimento no mundo para que nós pudéssemos suprir as necessidades de dar ao povo a oportunidade de ter acesso aos alimentos. Bem, o tempo passou, nós criamos o Programa Fome Zero, criamos o Programa Bolsa Família, e permitiu que a gente tivesse um sucesso importante no Brasil. Agora, o problema volta e volta com força no mundo, e o mundo começa a discutir. O que que eu vou dizer no discurso? Primeiro, lembrar que nós começamos isso, já há algum tempo, alertando a sociedade e aos governantes. A segunda coisa, é lembrar que a cada dia 854 milhões de homens e mulheres e crianças que dormem com fome no mundo. A terceira coisa, é lembrar de que nós precisamos fazer alguma coisa urgente. Discutir, por exemplo, porque que o preço do petróleo pode implicar no aumento do custo do produto a partir do custo do transporte e a partir do custo da matéria prima que faz o fertilizante. Essas são coisas que muita gente não quer discutir, mas que nós queremos discutir, porque nós entendemos que temos que dar uma resposta imediata. Nós temos terra no mundo, nós temos água, nós temos sol em vários países. É importante, então, que a gente comece a estabelecer uma estratégia de melhorar a produção de alimentos, aumentar a produção de alimentos, e, sobretudo, você tirar os subsídios na agricultura dos países mais ricos que tornam praticamente impossível do mundo pobre vender comida à Europa. Ou seja, porque não tem incentivo para produzir. Se nós conseguirmos fazer isso, eu penso que nós estaremos criando as condições para que o alimento volte a se tornar acessível, sobretudo à parte mais pobre da população que precisa comer três vezes ao dia pelo menos. Tomar café, almoçar e jantar. É um pouco isso o que eu quero dizer no encontro da FAO. É um momento extremamente importante. Terá muito cientista, terão muitos governantes aqui. Eu acho que nós queremos abrir um debate para discutir a questão do alimento, a questão da inflação e também discutir como fazer para que as pessoas não joguem a culpa do preço dos alimentos em cima dos países pobres mais uma vez.

Apresentador: Presidente, o senhor falou do Programa Fome Zero, depois do Bolsa Família, a evolução do programa, mas a crise de alimentos ela é mundial. Como é que o Brasil pode ajudar o mundo nesta situação?

Presidente: É exatamente pelo fato da crise ser mundial e passar pela China, pelo Brasil, pelo Chile, pelos Estados Unidos, pela Europa, que nós estamos chamando a atenção para os programas que nós fizemos e alertamos o mundo desde 2003. Agora, eu penso que chegou a hora de tomarmos atitudes. Uma das atitudes seria concluir o acordo da OMC [Organização Mundial do Comércio] na Rodada de Doha, que os países ricos abram mão dos subsídios agrícolas que dão aos seus agricultores, que os Estados Unidos diminuam os subsídios. E aí sim os países pobres vão se sentir motivados a produzir mais alimentos para comer e para vender.

Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Agora, mudando de assunto, presidente, na semana passada, mais uma agência de classificação de risco concedeu o grau de investimento ao Brasil. Podemos dizer que esse fato vem reforçar a avaliação de que a economia brasileira continua estável e no caminho certo?

Presidente: Eu tenho a convicção, Luciano, e a certeza de dizer ao povo brasileiro que a economia está no caminho certo. O fato do Brasil ser reconhecido por uma segunda agência como grau de investimento demonstra que nós estamos acertando na política monetária que estamos fazendo. Demonstra que nós estamos acertando na política fiscal, demonstra que nós estamos acertando na política de investimento, e tudo isso é resultado de uma coisa bem planejada, pensando no futuro. Ou seja, você combina o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] com a política de desenvolvimento produtiva que nós lançamos no país, você vai dando ao mundo e aos investidores a certeza de que o Brasil está levando a sério essa história de se transformar num país de uma economia altamente sustentável e de um novo ciclo de crescimento. Eu estou muito feliz, e também estou feliz, Luciano, porque na última sexta-feira o Brasil consegue descobrir mais um pouco de petróleo ali no estado de São Paulo, divisa com o Paraná, numa demonstração de que as coisas estão dando certo para o Brasil. E se der certo para o Brasil, certamente, quem vai ganhar com isso é a maioria do povo brasileiro.

Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula. Até a semana que vem.

Presidente: Obrigado, Luciano, e até a semana que vem.

Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.

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