segunda-feira, 21 de abril de 2008

Programa café com o Presidente

Presidente Lula defende, na África, o aumento da produção de alimentos


Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e começa agora o programa de rádio do presidente Lula. Presidente Lula, estamos falando com o senhor aí na África e nós aqui no estúdio da EBC [Empresa Brasil de Comunicação], em Brasília. O senhor participou de vários eventos, entre eles a Unctad [Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento], e a assinatura de acordos com o presidente de Gana. Como está sendo esta viagem?


Presidente: Luciano, eu, no sábado, tive um encontro com o presidente de Gana, onde nós fizemos alguns acordos importantes para Gana, uma cooperação nas áreas de produção de mandioca, de agroenergia, plantações florestais e combate ao HIV/Aids. E mais importante ainda é que, no domingo, nós visitamos a Casa do Brasil. Ao mesmo tempo, eu participei da inauguração da sede da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] aqui em Gana. A Embrapa está trabalhando aqui com escritório próprio, já visitaram 17 países africanos, ou seja, significa que a Embrapa está pensando em produzir o mesmo efeito na agricultura no continente africano que nós produzimos no Brasil. Todo mundo sabe que a Embrapa fez a revolução na agricultura brasileira e nós estamos convencidos que a Embrapa pode ajudar vários países africanos a deixarem de ser tão pobres, a terem uma agricultura competitiva, e nós iremos contribuir para isso porque acho extremamente importante. Então foi uma coisa extremamente produtiva porque eu acho que esse é um papel que o Brasil precisa exercer no continente africano. Um pouco para pagamento da dívida histórica que nós temos com o povo africano e um pouco para ajudar o continente africano a se desenvolver e a ser mais competitivo neste mundo globalizado.


Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. O senhor participou da abertura da Unctad, inclusive fez um pronunciamento. Qual foi a mensagem que o senhor passou?

Presidente: Veja, Luciano, o meu pronunciamento ele, na verdade, passou a mensagem chamando a atenção do mundo desenvolvido para a necessidade de aumentar a produção de alimentos e não ficar culpando os biocombustíveis pelo encarecimento do alimento. O dado concreto é que nós temos 854 milhões de homens e mulheres e crianças que dormem com fome todo o santo dia. O dado concreto também é que mais brasileiros, mais africanos, mais chineses, mais indianos, mais asiáticos estão comendo mais porque a economia desses países todos estão crescendo e o dado concreto é que nós precisamos aumentar a produção de alimento no mundo. É importante que a gente utilize as terras agricultáveis, as terras disponíveis, para que a gente produza muito mais alimento. E também eu chamei atenção para a Rodada de Doha, para o acordo da OMC [Organização Mundial do Comércio], aonde os países ricos precisam flexibilizar no preço dos produtos agrícolas para incentivar, inclusive, os países mais pobres plantarem e exportarem para eles. Do jeito que está hoje, com o forte subsídio dos Estados Unidos e da União Européia aos seus agricultores, obviamente que fica difícil os países pobres vender algum alimento. E, ao mesmo tempo, eu tive um encontro com o secretário-geral da ONU [Organização das Nações Unidas], onde eu pedi para ele que a ONU precisa assumir a responsabilidade de encabeçar com mais força a ajuda ao Haiti, a ajuda a Guiné-Bissau e a ajuda a outros países que estão em área de conflitos, países muito pobres. E outra coisa que eu falei com o secretário da ONU é para que ele faça um estudo profundo, que convoque os especialistas do mundo, para gente fazer um levantamento real e concreto porque o aumento dos alimentos, o quê que está acontecendo de verdade que sobe o trigo, que sobe o arroz e que sobe produtos considerados essenciais. É preciso que a gente detecte concretamente o que está acontecendo para a partir daí todos os países assumirem a responsabilidade de que no mundo que tem terra, no mundo que tem tecnologia, não é possível que as pessoas comecem a sofrer o aumento do alimento. É importante também a gente alertar para os efeitos do aumento do petróleo, o aumento do petróleo encarece o transporte, o aumento do petróleo encarece a produção de fertilizante e tudo fica mais caro. Portanto, nós não aceitamos que haja meia conversa sobre a questão do aumento dos alimentos.


Apresentador: Então, presidente, apesar da polêmica com essa questão dos biocombustíveis e alimentos, o senhor mostra ao mundo que o biocombustível tem um papel importante no desenvolvimento principalmente dos países pobres, não é isso?

Presidente: Veja, a polêmica ela é uma polêmica que vai acontecer porque o Brasil não é mais coadjuvante, ou seja, o Brasil é o maior exportador de café, o maior exportador de soja, o maior exportador de suco de laranja, o maior exportador de açúcar, o maior exportador de carne e agora o Brasil é um dos maiores exportadores de minério e agora o Brasil está exportando etanol. E nós, brasileiros, temos o prazer e o orgulho de há 30 anos termos a tecnologia de um combustível renovável, gerador de empregos, seqüestrador de carbono e, muito mais importante, limpo. Ou seja, depende muito de todos nós, depende da nossa compreensão e o Brasil vai continuar viajando mundo, os empresários, eu mesmo como presidente, os nossos sindicalistas, os nossos especialistas, porque esse é um debate que nós queremos fazer com todos os países do mundo.


Apresentador: Muito obrigado, presidente, e até a próxima semana.

Presidente: Obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.
Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.

Um comentário:

Unknown disse...

O blog ta sensacional. Matérias interessantes e de caráter não só informativo, como educativo. Parabéns!

LC.SAX