quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

NYT: renúncia de Renan é última de série de corrupções


O jornal norte-americano The New York Times destacou a renúncia de Renan Calheiros (PMDB-AL) do cargo de presidente do Senado ontem como apenas "a última de uma série de investigações sobre corrupção que perseguiram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste ano". O NYT lembra que as acusações contra o senador partiram de uma reportagem da revista Veja e que foram "as mais obscenas em um ano de escândalos políticos no País".


A publicação destaca que, ao renunciar, Calheiros sobreviveu ao julgamento de seus pares em plenário, onde poderia ter sido cassado. Destaca que o senador é "aliado chave" de Lula e que já tinha conseguido vencer um primeiro julgamento, em setembro, em que era acusado de utilizar dinheiro de um lobista da construtora Mendes Júnior para pagar suas contas pessoais - "ainda que o Conselho de Ética da Casa tenha destacado que ele não tinha renda suficiente para cobrir suas despesas.


O jornal recorda que a primeira votação contra Calheiros ocorreu dias após o julgamento do caso do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que indiciou 40 pessoas, incluindo ex-ministros, por um esquema ilegal de uso de verbas que foi traduzido para o inglês como "votos por dinheiro".


A britânica BBC destaca de forma irônica que, mesmo com todo esse escândalo, o desfecho do caso Calheiros "fez pouco para sujar ainda mais a imagem já manchada da vida política brasileira".


A edição internacional do El País informa que a votação no plenário do Senado ontem já era a segunda do ano contra Calheiros e explica que uma terceira suspeita de conduta ilegal já se erguia no horizonte: a suposta espionagem da vida particular de senadores que seriam contrário à sua permanência na Casa.


O El País afirma que a renúncia de Calheiros, além de preservar seus direitos políticos frente à ameaça de uma cassação, também aconteceu por pressão do próprio presidente Lula, "que não vê com bons olhos o desgaste que está sofrendo no Senado por este caso e por Calheiros perdeu sua reputação por conta de vários processos abertos contra ele".


Sessão aberta

O detalhe de que a sessão do Plenário que não cassou Calheiros ontem foi aberta não passou despercebido ao diário em espanhol, que destacou a diferença desta votação contra a de setembro, secreta. "Assim puderam estar presentes tanto deputados quanto jornalistas e toda a sessão foi transmitida ao vivo pela televisão."

Redação Terra

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