sábado, 28 de julho de 2007



Da morte de Lampião



Hoje completa 69 anos do assassinato de Virgulino Ferreira, vulgo Lampião. Por tal motivo, o blog publica um pouco da historia de Lampião, e o acontecimento que tem como menestrel o portalegrensse Rodolfo Fernandes, prefeito de Mossoró quando do ataque frustrado aquela cidade.



No dia 28 de julho de 1938 o grupo descansava às margens do riacho Angico, um pequeno afluente do rio São Francisco do lado sergipano. Uma volante sob o comando do tenente João Bezerra, auxiliada pelo aspirante Francisco Ferreira de Mello e pelo sargento Aniceto, conseguiu finalmente alcançá-los na grota de angicos, município de Poço Redondo, travando-se um tiroteio no qual onze cangaceiros e um soldado foram mortos, colocando-se um ponto final na atribulada atuação de Virgulino Ferreira da Silva como o mais bem sucedido chefe de bando do Nordeste Brasileiro. Segundo Araújo (1982, p. 34) até hoje não se sabe ao certo o nome de todos que tombaram em Angico. Recorrendo a imprescindível colaboração de ex-cangaceiros, como Dadá, Cila, Zé Sereno, Criança, Pitombeira e Balão relacionou Quinta-feira, Maria Bonita, Luiz Pedro, Mergulhão, Elétrico, Enedina, Cajarana, Tempestade e Marcela.

Nas proximidades da área onde foi travado o último combate do "rei do cangaço", no qual ele não conseguiu disparar um único tiro, estava a volante dos Nazarenos, que buscava a todo custo reivindicar a glória pela morte de Lampião. Consideraram o objetivo alcançado pelo oficial alagoano uma afronta, pois quem era para ter liquidado com o bandido deveria ter sido eles. Passaram quase duas décadas seguindo os seus passos. Suspeitava-se que João Bezerra realizava negócios escusos com Lampião, fornecendo-lhe armas e munição.


Procedida a rapina usual quando dos combates e mortes de cangaceiros, os corpos foram degolados e as cabeças levadas primeiro para a cidade de Piranhas (estado de Alagoas), palco de diversas tropelias de Lampião, inclusive de um ataque formidável quando a cangaceira Inacinha, esposa de um bandido apelidado Gato, havia sido capturada pela volante liderada pelo mesmo homem que comandou a chacina de Angicos.



As cabeças dos cangaceiros mortos foram levadas para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em Salvador (BA), onde foram estudadas pacientemente a fim de que revelassem sinais de degenerescências lombrosianas, tendo em vista que as teorias do médico-antropólogo italiano estavam em voga na época como forma de explicar a inserção de cidadãos comuns no mundo do crime.

Em maio de 1969, depois de mais de três décadas finalmente o que restou dos cangaceiros mortos em angicos foi enterrado no cemitério das Quintas, em Salvador, capital baiana, devendo-se a isso, em parte, à pressão do Dr. Sylvio Hermano de Bulhões, filho de Corsico e Dadá, que mobilizou a opinião pública para que pusessem fim a exposição bárbara dos restos mortais dos principais expoentes do ciclo épico do cangaço no século 20.

Por José Romero Araújo Cardoso


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